28.4.07

Tempestade


No vagar das ondas somem as jangadas de velas derreadas,
O toco do mastro emerge como um pêndulo sem rumo.
Na tempestade, os gritos de alerta são tragados pelos ruídos de fundo.
No verdescuro do mar a espuma da morte tange a agonia da vida.

Desejos ardentes

Acordei a noite, mas acordei gostoso, com as sensações que me invadem quando estou pertinho de você. Quero você pra mim e quero ser só seu e pronto. Aí passariam todas minhas crises, não sei viver paixão à distância. Não só cuidarei de você mas terei toda paciência que precisar para que possamos estar juntos porque te amo. Adoro em você certas qualidades que tão intensamente a diferencia de outras.

Desejo ardente

Ao sabor de um vinho macio
Num tumulto de donzelas em cio
Na conversa chata de alguns parentes
Está com você meu amor, é meu desejo ardente


Liberdade

Quando estou inspirado a poesia me libera
Quando não, um certo sofrimento impera

São vastos os caminhos para felicidade. Para uns, os vivos-mortos, que se perderam no emaranhado desses caminhos, uma ilusão. Para mim uma luz a brilhar no horizonte da qual nos aproximamos e nos distanciamos sem nunca alcança-la. Mas ela existe e podemos dela nos aproximar. Você, a sua energia, me mobiliza nessa busca incessante que jamais quis fazê-la sozinho. Você é uma pessoa encantadora.

27.4.07

Ao amanhecer

Os pássaros ensaiam as notas do canto nos primeiros sinais do dia
Ainda sonolento levanto, vou ao banheiro e curto com alívio a bexiga que se esvazia
Na cozinha tomo um gole d'água e me perco para o mundo olhando
Volto à cama, deito no escuro e me acaricio em você pensando
Lá no fundo o bem-ti-vi clarea o dia com seus gritos estridentes
No entanto não deixo de pensar no curto tampo da gente
Quero acordar ao seu lado, sentindo o seu corpo nu de amante displicente.

22.4.07

A partida



As águas claras no mar se agitam

Espumas brancas no cais crepitam

Na dança dos olhos perco-te de vista

Navio que se afasta chora e apita.

17.4.07

Corpo expichado

Nessa cama tão comprida
Está meu corpo expichado
Que reclama pr'outro lado
A tua ausência sentida.

Fogo que queima


De meu corpo arrancas o fogo
Que queima em minhas entranhas
Desejos afloram sem peias
Renasce a vida com traços d'antanho.

Não deixas que o fogo da paixão/tesão seja apagodo pela água fria da vida não vivida.

14.4.07

Notícias


Brisa do mar que acaricia meu rosto
Deixando salgado como o suor de seu corpo
Sussura em meus ouvidos conversas do povo
Que se lá são antigas notícias aqui chegam tiradas do forno.

Mal ajambrados


Meus poemas mal ajambrados
Sai da boca pra viela
Alimenta prostitutas
Moças postas
Damas e donzelas.

10.4.07

Desencontros

Não te ver suavemente deslizando
Entre gôndolas de frutas e verduras
Não sentir teus abraços de braços delicados
E o sabor de tua boca que do tédio me cura
Mesmo em domingos ensolarados
A tristeza da manhã a tarde perdura.

9.4.07

Todas as mulheres




Da delicadeza de seus dedos aveludados
Salta aos meus um filete de energia
Que se expande em meu corpo relaxado
A libido das mulheres que foste um dia.

Vento

Vento que sopra as folhas
Vento que sopra as ondas
Assanha os cabelos dela.
Desliza pelo seu corpo
Apalpa sua barriga
Sussurra em seus ouvidos
Os meus desejos por ela.

Miragem

Quando o sono num galope bater em sua porta
Diga-lhe com quem hoje desejas dormir
Minhas pálpebras pesadas já não suportam
Olhar de lado e sua imagem fluida sumir.

5.4.07

Cheiro de terra


A chuva mistura-se a terra arada
E exala um perfume que é só teu
Pois tens cheiro de terra, molhada
Revolvida por desejos que são só meus.