26.9.10

Mulheres...

Enquanto com cachorros passam
De soslaio mostram-se a fim,
Caçadores homens agora elas caçam
Não escondem desejos e fins.

Despida

Em teu corpo lívido todo despido
Transpira uma alma em mil vicejos
Deslisa sobre o meu nada contido
E explodem em gozo nossos desejos.

Pintando

Em minha cabeça pinta
Um monte de comichões,
Quando olhados de fora
Dizem, é pura depravacão!
Que digam, pouco importa!
Pois nada mais é parte do ser
Deliciar-se em sublimes sensações.

Surto de descrença

É possível se construir alguma coisa coletiva se não suportamos as diferenças? Se na explicitação de nossas diferenças somos os primeiros a manifestar a intolerância? Se nos espaços coletivos somos incapazes de tolerar as diferenças e buscamos desquilificar o outro, transformando a busca do consenso em uma quimera? De que não sabemos administrar a compentição e fugimos dessa discussão, do monstro que nos domina e nos transforma em 'sujeitos automáticos'(marx), das pulsões destrutivas do inconsciete (Freud)? Toda nossa incompetência de lidar com a essas situações nos metamorfoseia em sujeitos da distruição de nós mesmos, e a intolerância, além de agravar, é a indicação de que podemos estar de acordo com esse contidiano barbarizado. Esse é o motivo de meu despero, de minha desesperança e de meus 'surto' de descrença se será possível remar contra a maré do jeito de ser dos seres humanos.

Para todos

Como confiar a uma pessoa muito mais do que a banalidade do contidiano num mundo perigoso de sentimentos cada vez mais obscuro?

Tempo

Diga-me, ainda hoje há chances,
Bem pertinho sentir teu cheiro
Em nossos corpos nus e faceiros,
Que um tango de prazer se dance?

Quando falas

Da doçura da tua voz macia,
Das palavras que escorregam
Pelos lábios desbotados e finos,
Brotam desejos de prazeres divinos.

25.9.10

No santuário do consumo

Cinzento pessimismo nos muros da moderna prisão,
Aguça-me os sentidos de vasta trama que tece solidão,
Bloqueia o que motiva a vida e empurra-nos à escuridão,
Nos recônditos sem pistas, como sairmos da confusão?

Ouvindo os pássaros

Aratacas e bem-ti-vis, rolinhas caldo-de-feijão
Te chamam cantando pra ti, persistes em dizer não.
Folhas secas despencam, suaves pousam no chão
No tronco onde me sento, sem você à solidão.

Tumulto

A questão fundamental das minhas indagações sobre determinados sentimentos ficou sem resposta. É como se dissesse numa fria reação aos meus desejos: "êpa, você não pode ultrapassar esses limites porque agora (agora!) outras relações afetivos me atraem", ou coisa parecida. Quando você expressa isso, levar-me a penssar nas reconciliações em sua casa, ou na buscas de outros desejos fora das atuais relações. Ou então, há sempre a necessidade de um balde de água fria quando os meus desejos manifesta reação à fronteiras tão delimitadas. Parece que a aproxiação sempre tem que ser acompanhada de um distanciamento...