13.1.13

O bom veneno


Hoje resolvi fazer diferente...
Tomar bons vinhos de graça
Antes da compra de sempre.
Uns goles de boa cachaça
Veneno de mil serpentes,
Já me fez dançar na praça
Cercado de muita gente.

Ruido de fundo


Luzes que iluminam as estreitas vielas da vida
Mande seus cintilantes raios ao obscuro mundo
Faça-nos enxergar quem nas trevas habitam
E o significado desse medonho ruído de fundo.

Chão batido


Vidas quando divididas
Caminhos se confrontam,
Em terras muito batidas
Pisadas não se afrontam,
As marcas pouco curtidas
Escondem o que não se conta.
Nessa vida de muitos espinhos te desejo em belos caminhos. Um beijo

Os dedos dela


No caminho vou pensando:
Onde deslizam os dedos dela...
À passos me questionando
Porque pouco estou com ela.

No espelho do barbeiro


No espelho vejo em meu rosto as camadas do tempo,
Implacável tempo que não deixa dúvidas sobre sua ação.
Tempos da infância quando me angustiava a segurança,
Tempos da juventude, quando me esticava na quietude,
Tempos da maturidade quando mais se busca a felicidade.

No cume do parque


Nos tortuosos caminhos sigo teus passos
No balançar da folhagem o teu espectro
No cume do parque paro pelo cansaço
Ventos suaves anunciam cheiros diversos.

O que me falta


O que me faz falta agora?
Deslizar as minhas mãos
Por  suas pernas magras
De pele fina e delicada,
Sentir nas curvas o calor
De teu pulsante sexo...
Quantos desejos despertam
De possuí-la com fervor!  

Enigmático


O ser como coisas do mundo
Revelam-se em conta-gotas
Universo em ruídos de fundo
Deslizando em estradas rotas.

No restaurante


Verdemusgo que forra a mesa
Salienta o branco dos pratos
Movimentos e pouca destreza
Daqui sem você me sinto farto.  

Corpos


Quero roçar em teu corpo todo despido,
Nu e sem nenhum vestígio de vestidos,
Chupar teus róseos mamilos macios,
Dos belos e fartos peitos tão curtidos.

Coisas antigas e novas

Se eu soubesse que minha angústia resultava em sofrimento ou em outras coisas eu não a teria expresso. Eu só queria te dizer que esse nosso tempo cada vez mais curto, cada vez ocupado por outros tempos, me passa a sensação de que podemos deixar cair no esquecimento o que tanto amamos no outro. E como eu te quero muito, tendo a sentir nesses momentos uma grande solidão. Fico muito perturbado quando você interpreta esse meu desejo de ficar com você como uma cobrança. Não há cobrança, mas desejo de estar mais perto para sentir a pele de quem amo!

No escuro do cinema


Se me perguntassem agora
qual meu principal desejo, responderia sem titubeios:
sentir as sensações que um dia no cinema senti, acariciando
seu corpo e,  uma das mãos, cheia de um de seus fartos seios.



Fetichismo


Prisioneiros do espírito da época, incertos
Não busque saída fácil  da opressiva prisão,
O salto é grande, transcende as revoluções.
Que quebrem grilhões em pontos infectos!

Mutismo


Terra molhada,
Corpo exarcado
De líquido ingerido
Com gosto de nada.
Aqui já não encontro sabor,
Já não quero, nem me sinto acolhido,
No mutismo só me restar ler e pensar em você.




Sem título


Veja se chegou em seu celular
poema que escapou entre meus dedos
onde em versos ousava cantar
por você meus infinitos desejos.

Versos


Versos, doce manifesto dos espíritos inquietos...
Escritos em papel invisível coberto de sensações
Com tinta decantada no fundo poço das emoções
Vividas por quem a coragem lhes faz trilhar o incerto.