2.11.10

Folhas de outono



Muitas folhas, todas sêcas, não fazem mais fotosíntese.
Ao serem pisoteadas, grava o passante o seu estalido,
Nada mais é revelado que não seja o característico ruído.
Seu encanto nos livros insípidamente observado,
Cai por terra quando sêca na batida é machucada.

Pulsar


Minhas mãos no encontro de suas coxas delicadas,
Como linha de transmissão de misteriosa energia,
Que carrega nossas vidas como pilhas em tomadas,
Explode em luz como estrela em explêndida agonia.

Recados passados

Eu estava aqui pensando na palestra de ontem e no nosso relacionamento e em algumas coisas que já tinhamos discutido: como a forma distorce o conteúdo e até mesmo o destrói! Pode ser que eu esteja pirado, pois vejo com muita frequência isso em nossa comunicação. Muitas vezes descubro o conteúdo de nossas conversas a posteriori, depois de muito sofrimento e até mesmo quando este não tem mais sentido pelo desgaste sofrido . Suspeito que com você não seja diferente. Me preocupa os pressupostos que tem nos levado a agir dessa forme que podem estar sendo retroalimentados por esse tipo de comunicação.

Eu só procuro explicações, pode ser que todas estejam erradas admito. Reconheço que minhas palavras saem sem controle em certos momentos, mas tem como alvo aquilo que nas suas manifestações ameaça o que há de sublime na nossa relação: os espectros que você coloca sem refletir sobre os ferimentos que causam. Você tem um momento para entregar meus óculos?

31.10.10

Sem título

Estava pensando no que insistentemente dizia Derrida: "em função da instabilidade linguistica inerente ao significado, o significado não pode ser notado no discurso, apenas no texto". Imagine, se ele tem razão, e acredito que sim, o terremoto que é quando queremos transimitir ao outro oralmente, significados impregnados de emoções!

Essa sua preguicinha gostosa, dita dessa jeito, me dar uma tarinha, uma vontade de ir aí te dar umas mordidinha e depois sumir nos teus buraquinhos...volta logo coisinha gostosa!

26.9.10

Mulheres...

Enquanto com cachorros passam
De soslaio mostram-se a fim,
Caçadores homens agora elas caçam
Não escondem desejos e fins.

Despida

Em teu corpo lívido todo despido
Transpira uma alma em mil vicejos
Deslisa sobre o meu nada contido
E explodem em gozo nossos desejos.

Pintando

Em minha cabeça pinta
Um monte de comichões,
Quando olhados de fora
Dizem, é pura depravacão!
Que digam, pouco importa!
Pois nada mais é parte do ser
Deliciar-se em sublimes sensações.

Surto de descrença

É possível se construir alguma coisa coletiva se não suportamos as diferenças? Se na explicitação de nossas diferenças somos os primeiros a manifestar a intolerância? Se nos espaços coletivos somos incapazes de tolerar as diferenças e buscamos desquilificar o outro, transformando a busca do consenso em uma quimera? De que não sabemos administrar a compentição e fugimos dessa discussão, do monstro que nos domina e nos transforma em 'sujeitos automáticos'(marx), das pulsões destrutivas do inconsciete (Freud)? Toda nossa incompetência de lidar com a essas situações nos metamorfoseia em sujeitos da distruição de nós mesmos, e a intolerância, além de agravar, é a indicação de que podemos estar de acordo com esse contidiano barbarizado. Esse é o motivo de meu despero, de minha desesperança e de meus 'surto' de descrença se será possível remar contra a maré do jeito de ser dos seres humanos.

Para todos

Como confiar a uma pessoa muito mais do que a banalidade do contidiano num mundo perigoso de sentimentos cada vez mais obscuro?

Tempo

Diga-me, ainda hoje há chances,
Bem pertinho sentir teu cheiro
Em nossos corpos nus e faceiros,
Que um tango de prazer se dance?

Quando falas

Da doçura da tua voz macia,
Das palavras que escorregam
Pelos lábios desbotados e finos,
Brotam desejos de prazeres divinos.

25.9.10

No santuário do consumo

Cinzento pessimismo nos muros da moderna prisão,
Aguça-me os sentidos de vasta trama que tece solidão,
Bloqueia o que motiva a vida e empurra-nos à escuridão,
Nos recônditos sem pistas, como sairmos da confusão?

Ouvindo os pássaros

Aratacas e bem-ti-vis, rolinhas caldo-de-feijão
Te chamam cantando pra ti, persistes em dizer não.
Folhas secas despencam, suaves pousam no chão
No tronco onde me sento, sem você à solidão.

Tumulto

A questão fundamental das minhas indagações sobre determinados sentimentos ficou sem resposta. É como se dissesse numa fria reação aos meus desejos: "êpa, você não pode ultrapassar esses limites porque agora (agora!) outras relações afetivos me atraem", ou coisa parecida. Quando você expressa isso, levar-me a penssar nas reconciliações em sua casa, ou na buscas de outros desejos fora das atuais relações. Ou então, há sempre a necessidade de um balde de água fria quando os meus desejos manifesta reação à fronteiras tão delimitadas. Parece que a aproxiação sempre tem que ser acompanhada de um distanciamento...